

Este Blog é dedicado a arte do grupo SECOS & MOLHADOS (1972/1974) e NEY MATOGROSSO.
Ney Matogrosso estréia no Canecão/RJ em 20 de outubro de 1982. "Hoje, às 22h, Ney Matogrosso inicia mais uma curta temporada no Canecão (somente até o próximo dia 7). Dirigido pelo mesmo Amir Haddad, com cenografia de Marcos Flasman (o mesmo so show do ano passado, também) e uma banda de 13 músicos, Matogrosso mostrará basicamente as composições de seu último LP, que tem o mesmo título - Mato Grosso - do espetáculo. De uma abertura no meio do cenário - secundado por muita fumaça, sob apenas um foco de luz - Ney Matogrosso surgirá com um visual "chocante", cocar, colares, pulseiras, para uma primeira parte indígena-rural. No palco forrado de juta, pois na maior parte cantará de pés descaços, ele inciará o espetáculo com Metamorfose Ambulante (Raul Seixas), passando pela emocionante Notícias do Brasil (Milton Nascimento), Uai Uai (Rita Lee - Roberto de Caravalho), o forró eletrônico Primeiro de Abril (Antônio Brasileiro-Antonio Hernandes), e encerrando essa primeira parte com Promessas Demais (Zeca Barreto-Moraes, Moreira-Paulo Lemiski), trilha de abertura da novela das seis, da Globo, Paraíso. A segunda parte é romântica, com luz suave. Vestido apenas com uma calça branca, botas também brancas, olhos pintados, ele interpretará Gilberto Gil, em Deixar Você,
Chico Buarque, em Tanto Amar e Sá e Guarabira, em Aquela Fera, as duas útlimas do recente Lp. Nessa segunda parte, o cantor entrará pela passarela á direita da platéia, a mesma usada por Maria Bethânia, anterior atração do Canecão. Mas é na terceira e última parte, com uma roupa das mais bonitas - toda em dourado brilhante, muitas penas - que o espetáculo mostrará o cantor em seu melhor momento, contando com a participação dos 13 músicos que formam a sua atual banda. A maliciosa Napoleão (Luli-Lucina) e Debaixo dos Panos (Ceceu) são contagiantes e o rock de Chuck Berry, em versão de Leo Jaime e Tavinho Paes, Honny Pirou, está ótimo. Tudo para o apoteótico final com o samba Alegria Carnaval (jorge Arão-Nilton Barros), mostrando o cantor integrado à banda, tocando um bumbo. O diretor Amir Haddad, em seu segundo trabalho de direção com o Cantor, define a atual montagem como "um show que vai mais longe do que o outro". - o anterior era uma revisão, um balanço. E qualquer pessoa que faz um balanço vai adiante. Quando nos reunimos pela primeira vez, não tínhamos a menor idéia do espetáculo, tínhamos somente um disco: o Mato Grosso, nosso ponto de partida para um espetáculo alegre. (Jornal do Brasil, Caderno B, 20 de outubro de 1982, Diana Aragão).
ROTEIRO MUSICAL
Metamorfose Ambulante
Notícias do Brasil
Uai, Uai
1º de Abril
Promessas Demais
Não Faz Sentido
Deixar Você
Tanto Amar
Aquela Fera
Andar com Fé
Rosa de Hiroshima
Napoleão
Por debaxo dos panos
Jonny pirou
Alegria Carnaval
Tema - Instrumental
Músicos
Pisca - Guitarra
Ricardo Cristaldi - Teclado
Paulo Maurício Esteve - Teclado
Pedrão - Baixo
Lino - Sax e Flauta
Magrão - Sax e Flauta
Bangla - Sax
Nonô - Trumpete
Bocato - Trumpete
Sergio Della onica - Bateria
Chacal - Percussão
Sergio Boré - Percussão
Ney pediu ao costureiro Hugo Rocha que desenhasse algo diferente, um terninho igual ao que a cantora Simone usou em seu recente show no Canecão. "Quero enxugar meu visual, mostrar que sou um cantor", é sua declarada intenção com o novo garda-roupa. Com o Teatro Carlos Gomes completamente lotado, Ney Matogrosso entra em cena e surpreende o público: o cantor surge vestindo um elegante terno branco, com colete e gravata. Durante as primeiras quatro músicas ele se mantém com o terno, aparecendo em seguida de malha. Momento de grande emoção foi registrado quando Ney declama o poema de Solano Trindade e Grande Otelo subiu ao palco para cumprimentá-lo pela belissima escolha. E depois mudando novamente de roupa atrás de um biombo no palco, canta a música Fala, e encerra o show com a música Um Índio.
MÚSICAS
Homem de Neanderthal - (Luiz Carlos Sá)
Açucar Candy - (Suely Costa e Tite Lemos)
Idade de Ouro - (Jorge Omar e Paulo Mendonça)
Tercer Mundo - (João Ricardo e Julio Cortazar)
No Colo da Tarde - (Jorge Omar e Paulo Mendonça)
América do Sul - (Paulo Machado)
O Corsário - (João Bosco e Audir Blanc)
Pedra de Rio - (Luli, Lucina e Paulo César)
1964 II - (Astor Piazzola e Jorge Luis Borges)
As Ilhas - (Astor Piazzola e Geraldo Carneiro)
Cubanacan - (Lejuana)
Barco Negro - (Piratini, Caco Velho e D.J. Ferreira)
ELENCO
Ney Matogrosso - Tenore Bianco
Claudio Gabis - Guitarra, Bandolim, Sitar
Jorge Omar - Violão, Viola
Chacao - Percussão, finger bells, tambos d´água duplo
Eler Bedaque - Bateria
Bruce Henry - Fender bass, baixo acústico
Guilherme Vaz - piano acústico, e/piano, sintetizador
Marcio Montarroyos - Trompete, flugelhorn, e/trompete, e/piano (na música Barco Negro), berrante
Sergio Rosadas - Flauta, flautim, sax tenor