segunda-feira, 29 de setembro de 2008

POIS É

"Sem ser deselegante, Ney Matogrosso praticamente desprezou a festa que sua gravadora, a Ariola, promoveu para lançar seu novo disco "...Pois é", que marca uma década de carreira, afirmando que está "simplesmente vivendo mais um ano que por acaso é o décimo, mas não tem nada de especial, além do fato de eu continuar na luta".
A concorrida entrevista animada por vinhos e queijos e ilustrada com um vídeo-teipe composto de depoimentos e cenas dos melhores momentos da carreira de Ney - entre eles a histórica apresentação dos Secos e Molhados no Maracanãzinho - , ocorreu no restaurante do Regine´s e contou com a presença de mais de cem pessoas.
- Não tenho meta para o futuro - disse Ney -, assim como não tinha quando iniciei minha carreira. No começo, as pessoas me diziam: "Aproveita que você tem no máximo dez anos pela frente". Já passei dos dez e continuo dando no couro. Estou com 42 e me sinto muito bem. Sei que vai chegar uma hora em que fisicamente não vou poder fazer o que faço agora. Mas isto não me, grila. A velhice não me assusta. Sei que vou continuar tendo uma atividade.
De contrato novo, que lhe permite gravar um disco a cada 15 meses, "se quizer" - o anterior, como o da maioria dos artista obrigava-o a ter um álbum gravado a cada 12 meses - e com a cabeça "bem mais leve", Ney disse que não quer mais viver os "momentos tensos" que teve até um passado muito recente:
- Eu quero ter prazer. Estava muito tenso com essa coisa toda que jogaram em cima de mim: A necessidade de criar um produto para vender muito e gerar milhões de cruzeiros. Não vou ficar preocupado se vai vender ou não. Esse negócio estava ficando muito chato. Sei que consegui mudar condições contratuais porque sou um produto valorizado e posso impor condições. Se não gravasse na Ariola iria partir para a gravação independente. Os artistas que não estão satisfeitos com essa situação devem dar um basta. Não é possível continuar assim.
Sobre o novo disco, ao mostrar as diferenças com o trabalho anterior, o intérprete de "Calúnias", uma divertida adaptação de "Tell me once again" ("Telma, eu não sou gay"), uma das músicas que mais toca nas rádios, disse que o atual é "mais consistente".
- O "Matogrosso" me pareceu um tanto ralo. Foi um disco bem feito, bem mixado, bem transado, mas faltou consistência no texto, coisa que acho que consegui obter agora.
Isso foi conseguido, segundo Ney, não só com a regravação de "Coração Civil" (Milton Nascimento/Fernando Brant), que fala da utopia de se viver com liberdade e justiça, como também com a inédita "Fogo e Risco" (Marina Lima/Antonio Cícero), relatando coisas do amor e seus caprichos. Como já dissera em outras entrevistas, Ney repetiu que prefere o trabalho no palco, embora tenha-se acostumado a conviver com o estúdio:
- Nos shows, o que impera é a emoção e as falhas, quando registradas em disco, tem que ser perdoadas. No disco gravado em estúdio, onde a gente pode repetir e repetir até acertar, não podem ocorrer deslizes. Quero sempre o melhor. A crise não deve ser motivo para se fazer algo de qualidade inferior. Se o artista quer ter um bom produto, tem que gastar muito na produção, para obter o melhor som, a melhor iluminção, a melhor mesa de cortes ...". (São Paulo, Jornal O Globo).
...Pois É, aberto, como não poderia de ser, com um put-pourri de sucessos de sua carreira, que inclui de "Sangue Latino", dos tempos iniciais, a "Homem com H", um de seus últimos retumbantes hits. Um disco que, a julgar pela sua qualidade técnica e pelo seu repertório, não apenas é o melhor dos Lps gravados por ele, como também poderá repetir o sucesso de vendas de seus dois anteriores, Ney e Matogrosso.
Aliás, foi com Ney, de 81, que as coisas começaram a mudar realmente para o artista. Ele estava na época saindo da WEA, gravadora na qual lançou três discos, cujos índices de vendagem demostraram um declínio sensível, e vinha da apresentação de seu espetáculo menos concorrido: Seu Tipo, onde se apresentava discretamente, apenas com terno e gravata (no fundo, mais uma fantasia), na tentativa de valorizar mais o seu lado cantor.
Transferindo-se então para a Ariola, a tendência descente modificou-se radicalmente, e seu novo disco chegou aos 320 mil vendidos, principalmente por causa do estouro da regravação de "Homem com H" (originalmente registrada pelo Trio Nordestino). Por outro lado, a excursão-monstro, que levou seu espetáculo daquele ano a numerosas cidades do País, caracterizou-se por apoteóticas apresentações para platéias astronômicas, de até 60 mil espectadores. O show, no qual voltava a exibir suas costumeiras e metamorfósicas fantasias, com sua dança sensual e hipnotizante, foi o mais bem realizado de sua carreira até então, e ganhou o prêmio de melhor do ano, da crítica especializada.
Essa reviravolta quantitativa e qualitativa em seu trabalho colocou seu nome - até ali respeitado, sim, mas de sucesso médio - dentre os consagrados da MPB. Eleito pelo público nacional, transformou-se numa sensação solicitada em todo lugar. Matogrosso, o disco e show do ano seguinte(82), só veio consolidar tal posição. (Revista Música - Ronne Carlos).
NÃO HOUVE SHOW DO DISCO.

6 comentários:

Karen Crusca disse...

Olá Paulo César...
meu nome é Karen...
estou terminando minha graduaçao, faço História na Unesp em Franca/SP...pretendo elaborar um dissertaçao de mestrado sobre Os Secos e Molhados e gostaria muito de conversar com você.
meu msn é karen_maita@hotmail.com
orkut: karen crusca
aguardo sua resposta...
abraço, Karen

Karen Lemos disse...

Muito bom, Paulo!!

Seu blog é o melhor, continue sempre assim!!

Obrigada por essas informações e materais sempre interessantes

Beijos!!
Karen Lemos

TOM disse...

Murilo,

Foi uma grande alegria e surpresa reencontrá-lo e saber q vc continua firme e forte na carreira do Ney e agora com a Internet facilita mais, né?
Eu sou um grande admirador do trabalho do Ney q parece vinho, quanto mais o tempo passa, ele melhora...
Fico muito feliz em saber que vc continua colecionando td sobre o Ney, eu, embora tenha realizado 7 anos de fa clube, minha vida deu algumas voltas e nao foi possível continuar, mas o carinho e a admiraçao permaneceram e permanecerção sempre, enquanto eu viver, serei um eterno fã do Ney!!
Obrigado por td e o que precisar de mim estou aqui! bjssss
TONINHO - EX FA CLUBE AVENTUREIRO SP

Unknown disse...

Olá, boa tarde!

Meu nome é Alexandre, faço parte da Escola de Sampa Tom Maior, onde faremos um homenagem aos secos e molhados e ney matogrosso, e gostariamos de falar com vc, pois estamos querendo contatos com alguns fãs clubes.

No aguardo...

Tel: 3031-4928
E-mail: escoladesambatommaior@hotmail.com

Gabriela disse...

Olá, meu nome é Gabriela, sou estudante de Direito da UFRRJ, mas tenho grande admiração e interesse por música e arte e principalmente no que diz respeito aos Secos e Molhados. Estou fazendo um estudo sobre o grupo e principalmente sobre o significado das letras das músicas, pois tenho um projeto a ser realizado baseado nesta pesquisa. Gostaria muito de falar com você e saber se você um material mais específico que possa me ajudar.
meu e-mail é gabicantos@gmail.com
Muito Obrigada!!Abraços
PS: adorei o blog!

ADEMAR AMANCIO disse...

Muita gente interessada no Ney e Grupo.