Ney enfrentava uma barra muito pesada, tinha que provar que não tinha acabado sua carreira, muito pelo contrário que estava apenas começando. "Na volta de Mato Grosso, depois de quase um mês de descanso, foi assistir a um show de Astor Piazzola e, no final, falou com ele que era cantor e queria gravar uma música sua. Surpreso, viu que Piazzola conhecia o Secos e Molhados, e, ainda por cima, o convidou para gravar com ele na Itália. Não desmaiou porque era controlado. Quando voltou de Milão, com o compacto debaixo do braço, começou a procurar os músicos para formar uma banda. Quem o conhecia do Secos e Molhados e escutava a gravação, tomava sempre um susto: ele estava cantando muito sério músicas bastante difíceis. Márcio Montarroyos, o primeiro músico de quem se aproximou, aceitou o convite para participar da banda, porque considerou o trabalho sério e de ótima qualidade. A opinião de Montarroyos foi fundamental para manter seu ânimo de continuar batalhando: Afinal, já havia percebido que muita gente duvidava dele o tempo inteiro.
No final das contas, a banda reuniu tantas feras que só durou o tempo de fazer o show e o disco: Montarroyos, Guilherme Vaz, Bruce Henry, Cláudio Gabis, Elber Bedaque, Jorge Omar, Chacal e Sérgio Rosadas - todos, empolgados com a liberdade de criação durante os três meses de ensaios. O Homem de Neanderthal estreou no teatro do Hotel Nacional, no Rio, em 15 de março de 75, marcando a volta de Ney, sete meses depois do término do Secos e Molhados. O disco, gravado quase simultaneamente pela mesma gravadora da época do conjunto, registraria o radicalismo da proposta, com macacos e araras gritando, vento soprando e cachoeiras correndo. No palco, o impacto aumentava. Uma superprodução de quase meio milhão de cruzeiros (na época) petendia assegurar que Ney, daquela vez, vinha para ficar. No fundo, uma necessidade pessoal de mostrar competência.
Meio bicho, meio gente, ele surgia no cenário de uma imensa floresta, envolto em peles de animais e parecendo muito mais próximo da natureza em seu estado puro que do civilizado mundo humano. Extremamente agressivo na postura e, ao mesmo tempo, distante com a platéia, Ney não dava um único sorriso durante a apresentação: a insegurança excessiva só lhe permitia buscar o melhor desempenho cênico. O público se deslumbrou. Caetano Veloso lhe disse que o show chegou a incomodá-lo de tão perfeito. Nada Falhou ou foi esquecido. O programa do espetáculo, feito pelo artista plástico Rubens Gerschman (que também cuidou da programação visual do disco), constituia um acontecimento à parte". (Um Cara Meio Estranho - Ney Matogrosso, Denise Pires Vaz, 1992).
MÚSICAS
Homem de Neanderthal - (Luiz Carlos Sá)
Açucar Candy - (Suely Costa e Tite Lemos)
Idade de Ouro - (Jorge Omar e Paulo Mendonça)
Tercer Mundo - (João Ricardo e Julio Cortazar)
No Colo da Tarde - (Jorge Omar e Paulo Mendonça)
América do Sul - (Paulo Machado)
O Corsário - (João Bosco e Audir Blanc)
Pedra de Rio - (Luli, Lucina e Paulo César)
1964 II - (Astor Piazzola e Jorge Luis Borges)
As Ilhas - (Astor Piazzola e Geraldo Carneiro)
Cubanacan - (Lejuana)
Barco Negro - (Piratini, Caco Velho e D.J. Ferreira)
ELENCO
Ney Matogrosso - Tenore Bianco
Claudio Gabis - Guitarra, Bandolim, Sitar
Jorge Omar - Violão, Viola
Chacao - Percussão, finger bells, tambos d´água duplo
Eler Bedaque - Bateria
Bruce Henry - Fender bass, baixo acústico
Guilherme Vaz - piano acústico, e/piano, sintetizador
Marcio Montarroyos - Trompete, flugelhorn, e/trompete, e/piano (na música Barco Negro), berrante
Sergio Rosadas - Flauta, flautim, sax tenor
4 comentários:
Tá Show de bola Paulo !!!!!!! Coloque mais raridades para nós !!! ^^ Guii
muito bom....quero mais mais e mais..hehehe...marcela
Olá! Aqui Edu de Argentina. Eu sou um grande fa do Ney, gostei muito do blog e das imagens antigas do Ney que voce tem!
Parabéns pelo blog, já fica na minha lista do explorer.
Gostaria muito se vc tem, das capas dos discos, só encontro algumas muito pequenas.
Um grande abraço!
EDU
Paulo, parabéns pelo carinho e dedicação ao nosso ídolo querido!
Sônia
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