quarta-feira, 25 de junho de 2008

BANDIDO


"Um dia, Ney Matogrosso pediu uma música para Rita Lee. E ela: "Mas eu nunca fiz fiz uma música assim por encomenda." E ele: "Pois então faça uma agora." E ela fez "Bandido Corazón". Para o espanto dele: "Mas é a minha cara. É a música que eu teria feito. O jeito que eu falaria da minha vida."
Daí começou o "Ney Matogrosso Bandido". Inicialmente, apenas um show em cima do gênero.
Foi então que em janeiro de 1977 que 2000 presos da Penitenciária Lemos de Brito, no Rio de Janeiro, numa enquete para escolher quem faria o show de encerramento do festival de música promovido por eles, escolheram o que representava a liberdade: Ney Matogrosso.
Com a idéia de "Bandido" já na cabeça, o convite não poderia deixar de ser mais oportuno.
Ney subiu no palco; na plateia 2000 pessoas com os olhos arregalados prestando muita atenção naquele corpo magro, que o parava de se mexer como uma serpente, e naquela voz fina e afinada. Alguns comentários: "Parece a Carmem Miranda." E Ney foi cantando cada vez com mais liberdade. "Canta 'Cubanacan'?" E por que não? O show foi o maior sucesso. A partir dessa experiência com os presidiários, veio toda a idéia do show e de um novo disco". (Revista Música - a nova impressão do som nº 7 - 1978).
"Bandido foi o contraponto do Homem de Neanderthal. O luxo se transformou em simplicidade, e o cenário tomou forma com objetos que Ney levou de casa: um espelho oval enorme, um baú, uma rede peluda e um biombo pequeno. De um cenário antigo do Teatro Ipanema, pegou emprestado uma árvore, que acabou virando o grande hit da composição cênica: ele surgia detrás da árvore, tocando castanholas. Quando saiu do Ipanema, mandou fazer uma igual, porque o teatro não pôde emprestar a árvore que, até então, estava lá abandonada.
O sucesso de Bandido revelou-se proporcional á simplicidade: enorme. Liberto da carga que se impôs no Homem de Neanderthal (de provar que era capaz), Ney relaxou e conseguiu e conseguiu curtir o prazer que sentia em cantar e se relacionar, de maneira menos agressiva, com o público. O sorriso apareceu no rosto, simbolizando talvez o verdadeiro início da sua carreira: até hoje, ele dedica um carinho todo especial ao Bandido, por tê-lo desvinculado definitivamente do estigma de ex-Secos & Molhados. A partir do show, passou a ser visto, individualmente, como Ney Matogrosso - um artista com características próprias e com uma trajetória que veio atraindo, com o tempo, faixas cada vez mais amplas de público. " (Denise Pires Vaz - Um cara meio estranho - pag. 63).

Roteiro Musical:
Airecillos (Marlui Miranda)
Aqui e Agora (Luli)
Usina de Prata (Rosinha de Valença)
Bandido Corazon (Rita Lee)
Paranpanpam (De Karlo)
Cante uma Canção de Amor (Odair José)
Gaivota (Gilberto Gil)
Mulheres de Atenas (Augusto Boal/Chico Buarque)
Trepa no Coqueiro (Ary Kerner)
Prá Não Morer de Tristeza (Caboclinho/João Silva)
Com a Boca no Mundo (Rita Lee/Lee marcucci/Luiz e Carlini)
Retrato Marron (Rodger Rogério/Fausto Nilo)
Postal de Amor (Raimundo Fagner/Fausto Nilo/Ricardo Bezerra)
A Lua Girou, Girou (Domínio Público)
Pássaro Proibido (Caetano Veloso/Maria Bethânia)
San Vicente (Milton Nascimento/Fernando Brant)
Seu Waldir (Marco Polo)
MÚSICOS
Elber Bedaque - Bateria
Jorge Carvalho - Baixo
Roberto de Carvalho - Guitarra
Jorge Olmar - Violão e Viola
Marcelo Salazar - Percussão
Elias S. Mizrahi - Teclados