O DISCO
"Essa capa buliçosa, provocativa, Ney? Proposital artifício para chamar a atenção? (Porque a crítica tem dedicado mais espaço a nudez de Ney que ao trabalho que exibe no disco).
- Olha, não vou negar, nem é do meu feitio, você sabe: Eu sabia que ia dar o que falar. Sabia, mesmo, mas é bom, não é? Eu mesmo me surpreendi, quando vi a foto ampliada. Enquanto era um slide pequeno, tudo bem, mas não achei nada demais. Mas depois, aquela fotona... Eu pensei: ih... Aí, eu mesmo me surpreendi, imaginei logo o que não ia ser com as outras pessoas. Mas também, acho que já deviam estar mais ou menos esperando por isso. Que mais me faltava fazer? Só ficar nu, mesmo.
Ney diz também que o projeto visual da capa foi mais uma feliz coincidência que o fruto de um planeijamento demorado: sua amiga a fotografa Mariza Alvarez, vinha há anos tentando marcar com Ney uma sessão de poses para um ensaio de nus, "coisa que eu sempre quis fazer. Quando chegou a hora de escolher a capa do disco, pensei logo: pronto, taí a oportunidade de fazer os tais nus." As sessões de pose foram longas, trabalhosas.
- No começo, tínhamos mil idéias, mas nada dava certo, visualmente acabou saindo uma coisa inteiramente diferente daquilo que a gente tinha planeijado, no início. Mas ficou ótimo. Eu adoro. (Jornal do Brasil - Janeiro de 1979).
Feitiço é uma nova fase na vida e na carreira de Ney Matogrosso, depois de anos de contrato com a Continental, Ney estréia na WEA e inicia a parceria com o produtor Mazola, que lhe proporcionou muitos sucessos em sua carreira. É também sua estréia em mixar um disco todinho nos Estados Unidos, em Los Angeles, e na época ele ficou muito impressionado com a liberdade que curtiu por lá.
O SHOW
O show está montado desde a época de Bandido. "Logo que eu montei o show, tive que viajar. Este show é algo assim como a entressafra. É o meio-termo entre o Bandido e O Feitiço. Não é exatamente um show para teatro. É mais para clubes. Acontece que quando eu estava procurando um teatro no Rio, para lançar o Feitiço, soube que o Teatro Alasca estava para ser inaugurado. Fui até lá e gostei muito. É muito bem adaptado, sem falar que estamos em casa. A Galeria Alasca é verão. Vou fazer esta temporada de 3 de janeiro (1979) ao dia 23, porque adoro trabalhar no Rio, no verão."
O show está dividido em duas partes: a primeira é teatro de revista, onde Ney se descontrai e libera todo o seu Feitiço. Na segunda parte, Ney parte para um mini-concerto. As músicas são todas do disco Feitiço e mais algumas de novos compositores, como ricardo Pavão e Mauro Kwitko. "Este show não tem uma linha definida, mas pretende levantar o público das cadeiras."
Curiosidade
"A Censura, o Nu e Ney Matogrosso - Com a notícia de que a censura liberará a Playboy e Playmen americanas e outras importadas para circularem no Brasil, como todo seu arrojo em fotografias (as revistas brasileiras ficarão tímidas diante de tanta liberalidade), muitos já se preparam para enfentar a forte concorrência de vendagens que se aproxima, caso a censura confirme a autorização. O panorama é simples e compreensível se não for desta forma: liberando as americanas é justo que se libere também as fotos para as brasileiras essencialmente a regiao pubiana da mulher. Se assim não for, não haverá justiça. O Cantor Ney Matogrosso, por exemplo assume o pioneirismo em ser o primeiro homem a se fotografar nu (a foto é da capa de seu último disco e foi até distribuida em forma de calendário de bolso). Os outros ângus de Ney, claro, foram devidamente censurados." (Nota de uma revista da época).
Portanto, após a liberação Ney foi o primeiro homem a ser fotografado nu.
MÚSICAS
Yes, Nós Temos Bananas - João de Barro/Alcir Pires Vermelho
Vendedor de Bananas - Jorge Ben
Bandoleiro - Luly e Lucina
Sensual - Tuca/Belchior
Fé Menino - Gilberto Gil
Dos Cruces - Carmelo Larrea
Tic Tac - Alcir Pires Vermelho/Walfrido Silva
Circo Marimbondo - Milton Nascimento/Ronaldo Bastos
Jardins da Babilonia - Rita Lee/Lee Marcuci
Tema dos Músicos
Você não entende Nada - Caetano Veloso
Foi Assim - Paulo André/Raui Barata
Mal Necessário - Mauro Kwitko
Bandido Corazon - Rita Lee
Rosa de Hiroshima - Vinícius de Morais/Gerson Conrad
Carinhoso - Pixinguinha
Não Existe Pecado ao Sul do Equador - Rui Guerra/Chico Buarque